sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

As durezas de construir um mundo novo.

Conforme se vão passando os dias fica mais claro que há a possibilidade de acordo em alguns temas se onde é possível chegar em algum consenso.
REDD+ (Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação) e o Fundo Verde são assuntos que estão tendo avanços significativos e poderão ter algum tipo de consenso no final da COP 16.
Quem tem corrido sério risco por estas bandas é o Protocolo de Kyoto (que estabelece metas de produção de CO2 para os países desenvolvidos). Japão, EUA, Canadá e outros querem realmente implodir Kyoto e forçar um tratado que envolvam China, Brasil e India (mesmo o Brasil assumindo metas voluntárias).
Aqui surgem as primeiras manifestações com a finalidade de pressionar os negociadores. São ainda bem tímidas, mas dentro das condições impostas pela logisitca do evento, começa a mostrar a presença da sociedade civil.
Ontem, fomos participar da Reunião da Rede de Ação Climática para América Latina (CAN-LA, em inglês). A integração das organizações da nesta parte do mundo se faz necessária, mas ainda é muito incipiente. Mas foi muito bom e interessante ver as articulações dos “Hermanos” e a necessidade de mais brasileiros participarem destes Fóruns de discussão.
Mas algo que tenho que citar é a incoerência na elaboração no evento. Como o mesmo está acontecendo em 3 prédios diferentes em locais distantes todo o transporte entre estes locais é feito através de ônibus. E haja ônibus para dar conta de tanta gente!
Apesar do calor de Cancun o ar condicionado é da Sibéria. Em um dos locais do evento, em determinado momento, estavam quase todos de blusa, por causa do frio (na delegação da Tearfund Andrea e Richard quase sucumbiram ao ar condicionado).Sem contar a quantidade gigantesca de papel gerada nestes dias. Ser ambientalmente sustentável é um desafio até para onde se discute isto.
Bem este é um “Admirável Mundo Novo”, mas longe de ser perfeito.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

COP 16 é Lugar de Cristão???

Hoje, peço licença a vocês amigos, mas vou falar sobre a representação cristã dentro do evento como a COP 16.
Infelizmente, fica claro que o as organizações cristãs no varejo e a liderança evangélica no atacado não sabe da importância daquilo que está sendo discutido em eventos como a COP.
Os relacionamentos, boa parte dos valores, as indústrias, as relações entre os países e tantas outras coisas serão afetadas num futuro muito próximo e a igreja cristã não está realmente presente nestas discussões ou pior, nem sabe o quem está construindo o futuro do mundo.
Existe todo um fundo sociológico, ideológico e até teológico em um encontro como a COP 16 que vem sendo amplamente ignorado pela cristandade (por favor, a muitas exceções, (Tearfund, Christian Aid,)mas elas apenas reforçam a regra). É incrível como nos afastamos dos assuntos mais importantes a serem discutidos atualmente e vivemos dentro do nosso mundo “eclesiástico”.
Para mim é incompreensível não termos estes assuntos na agenda de nossas comunidades cristãs. Nós estamos desplugados dos temas atuais e de futuro da humanidade e corremos o risco de perdemos a relevância de nossa mensagem, pois falamos de algo que já não pertence a realidade de grande parte das pessoas no mundo (Adianta fazer evangelismo para uma nação insular que irá sumir devido as mudanças climáticas e não tem lugar para enviar os seus 12 mil cidadãos. Quem irá recebe-los?).

Não vou me prolongar nesta discussão, pois o espaço aqui não seria suficiente. Deixo isto um debate com meus amigos e companheiros teólogos .
Mas.....graças a Deus que temos Tearfund, Christian Aid, World Vision e outras organizações que mantêm a chama do evangelho transformador e redentor de vidas e não apenas de almas.

O Bom, O Mal e o Feio na COP 16

A falta de esperança (ou o meu pessimismo, como diz minha companheira de jornada Andrea), não pode demonstrar que tudo o que está acontecendo em Cancun é fraco, desarticulado e sem resultado.
Há muitos bons resultados a níveis nacionais que tem mostrado um maior comprometimento de grande parte do países ricos e em desenvolvimento ( a exceção ainda é os EUA). Para ficar em dois exemplos: A China atualmente é o país que mais investe em tecnologia para produção de energia renovável e o Brasil alcançou uma meta de desmatamento muito importante e que baixou em muito os níveis de produção do CO2.
Mas a luta politica-diplomatica é algo que transcende o entendimento de qualquer mortal que queira viver neste planeta.
O Mal: O Japão num grande jogo de cena, diz que não aceita a continuação do Protocolo de Kyoto (feito na casa deles!?), pois o EUA e China não participam. A incoerência e repetição de Copenhague está desembarcando em Cancun. Claro que todos (com exceção do Canadá, Rússia e Austrália) todos os outros países execraram a posição do Japão. Péssimo exemplo na condução da negociação.
O Feio: Presidente Lula além de não vir a Cancun, comete um gafe horrível ao dizer que “Cancun não vai dar em nada”. Presidente Lula foi de uma indelicadeza com o esforço da COP 16 e de deselegância com o governo mexicano que está se esforçando para um avanço nas negociações. Diz o ditado: O Tolo quando fica em silencia, passa como sábio.
O Bom: As negociações estão avançando e fica claro cada vez mais claro em Cancun que esta COP é uma preparação para 2012 que será o ultimo ano do Protocolo de Kyoto.
A palavra que devemos usar aqui em Cancun é perseverança, pois como disse a Secretaria Executiva da COP, Cristina Figueres. “Cancun será a base para um acordo real”
PS: Vale citar que os americanos estão numa situação muito singular, pois chegaram nesta COP sem mostrar números e perspectivas internas para isto. Apenas uma somatória de ações pontuais (a impressão por aqui é que os americanos estão atrasados na discussão)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Separado é Melhor que Junto?

Algo que me chamou a atenção, neste segundo dia, é a divisão do evento em vários locais.
A imprensa, as ONG´s, e as representações dos governos ficaram em espaços separados. Quero pensar que isto não é proposital, mas as a pressão sobre os representantes diminui, pois as negociações acontecem fora de nosso alcance como organização civil. Algo estranho, para dizer o mínimo.
Há uma sensação de que há espaços que não devem ser frequentados. Aqui todos que representam governos usam crachá rosa (este vale ouro, pois dá acesso a quase tudo quanto é lugar). E os demais como se fossem de uma “casta” inferior.
Outro ponto intigrante é a falta de articulação entre as organizações brasileiras na COP 16. Não há nenhuma ação articulada para pressionar o governo ou realizar alguma ação de mobilização. A sensação é de completa falta de interesse da sociedade brasileira em fazer o governos cumprir as obrigações que já assumiu e procurar novos acordos.
A falta de mobilização e de um lobby “do bem” mostra o quanto nossa articulação civil e nossa democracia ainda são incipientes e que precisam usar melhor estas ferramentas de ação social.
Mas não quero ser apenas pessimista, hoje avanços significativos nas conversas sobre parcerias e ações conjuntas entre A Rocha Brasil, Diaconia e Tearfund foram o ponto alto. Há uma grande possibilidade de uma ação conjunta para o evento Rio + 20 que irá acontecer em 2012.
Houve momento onde pudemos interagir com outras várias organizações trocando informações e avaliando as possibilidades.
Nós, da ARB e o pessoal da Diaconia tentamos ficar de “tocaia” em uma reunião de portas fechadas do Grupo “G 77 +China” (onde o Brasil é um dos lideres) para encontrarmos os representantes brasileiros do governos e assim fazer um “lobby” para que a participação do Brasil fosse mais efetiva. Mas os representantes chegaram com 30 minutos de antecedência e frustraram nossos planos, pois não podíamos entrar na sala.
Amanhã iremos fazer novo plantão para surpreender o negociador brasileiro!
Com o andar dos trabalhos o desanimo está dando lugar a resignação e ao pragmatismo. Algo vai sair, mas não será o que precisamos.
Noticia Especial: Vale ressaltar que Andrea Ramos tem sofrido com as máquinas de raio-x desde nossa chegada. Em quase todas as revistas (que são diárias) a minha companheira fica presa e tem que abrir seus pertences. O nome disto é SPMRX (Sindrome da Perseguição da Máquina de Raio X)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Esperança: Produto em falta na COP 16

O começo é sempre devagar (com algumas exceções), mas esta COP16 os rostos mostram que todos estão desanimados e desesperançosos.
Apesar do ambiente de confraternização, o clima (das pessoas) é realmente de descrédito que possa sair um acordo e a verdade está muito próxima disto, pois os negociadores avaçam devagar sobre o tema.
Ao assistir Luiz Alberto Figueiredo, embaixador e negociador brasileiro para esta COP, falando a imprensa. Fica nítido que não existe nenhum interesse em um acordo neste momento. Sua fala foi evasiva e sem assumir nenhum tipo de compromisso.
O desafio é manter os trabalhos adiante sabedor deste desanimo, pois a agenda de trabalho é extensa e que Cancun será conhecido como o evento da perseverança.
Para nós d´A Rocha Brasil, este primeiro dia foi de reconhecimento, um evento deste porte tudo é grandioso (e caro) assim interagir e se envolver nos debates é o desafio deste momento.
Uma das constatações que eu e Andrea tivemos, foi que no Brasil é pouca mobilização social para pressionar o governo a fazer as ações certas; O lobby (sim existe lobby do bem) realizado pela Tearfund é um exemplo significativo de envolver as pessoas (e a igreja) nestes grandes temas.
Dia 30 iremos travar o primeiro contato com o grupo Rede de Ação Climática (CAN em inglês) da América Latina, queremos estabelecer contatos e avaliar articulações para ações concretas nesta região.
Há um interesse enorme no Brasil e na Rio + 20, que acontecerá em 2012, se trabalhamos a partir daqui, poderemos ter uma grande mobilização. Mas o governo começa na marcha rá, nem Lula e Dilma estarão aqui.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A caminhada caminha para algum lugar?

Cancun durante alguns dias será o Centro do Mundo (tirará este posto de Viçosa-MG) durante alguns dias para tristeza de minha amiga Ginia Bontempo).
Neste lugar de beleza exuberante, praias maravilhosas, sinônimo também de riqueza, consumo e intervenção humana está sendo realizada a 16º Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP16).
Gente do mundo todo está aqui para discutir como agir com as mudanças que estão ocorrendo com o clima. De certa forma é formidável ver a articulação da humanidade em buscar alternativas para os problemas que estão surgindo. Mas é inegável que o falatório é maior que as ações concretas e que o impasse entre as nações ricas e os países em desenvolvimento mostra que ainda estamos presos a interesses que estão longe de proteger os mais fracos dos humanos (os pobres) e os demais seres vivos.
Meu sentimento é parecido com o Jó: Antes ouvia dizer sobre a COP 16, hoje estou aqui para ver, ouvir e participar.
As expectativas são de entender quais as dificuldades de se encontrar caminhos e de colocar os mesmos em prática e perceber até que ponto o porque que a comunidade cristã não tem trazido seus valores e suas ações para as mesas de negociações (será porque não temos ações socioambientais? Fico a pensar).
Isto é apenas as minhas impressões gerais, vamos ver o quanto irei aprender, amadurecer e viver estes dias. Você me acompanha nestes dias?
Aviso a aqueles que estão chegando, daqui 2 anos teremos a Rio + 20. Você não quer participar (palavras do próximo texto).
Abraços
Marcos, um peregrino semeando o Reino